Governo Trump revoga vistos de Moraes, mais 7 ministros do STF, PGR e familiares após novas sanções contra Bolsonaro
- Redação 24Hrs
- há 6 dias
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A Medida foi anunciada por Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, após decisão do STF impor tornozeleira eletrônica e restrições ao ex-presidente Jair Bolsonaro; crise diplomática entre Brasil e EUA se intensifica
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou nesta sexta-feira (18) a revogação imediata do visto de entrada nos EUA do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de outros sete ministros da Corte, do procurador-geral da República Paulo Gonet e de seus familiares diretos.

A decisão foi comunicada nas redes sociais como resposta às novas medidas impostas pelo STF ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e restrição de comunicação.
O Supremo Tribunal Federal foi procurado, mas ainda não se manifestou oficialmente sobre a decisão.
Além de Moraes, estão na lista de restrições os ministros Luís Roberto Barroso, Flávio Dino, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Edson Fachin.

Os únicos ministros da Corte que não foram incluídos na sanção foram André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux.
“O presidente Trump deixou claro que seu governo responsabilizará cidadãos estrangeiros que atentem contra a liberdade de expressão, princípio protegido nos Estados Unidos. A perseguição conduzida pelo ministro Moraes ultrapassa as fronteiras brasileiras e atinge até cidadãos americanos. Por isso, ordenei a revogação dos vistos dele, de seus aliados no STF e seus familiares diretos”, declarou Marco Rubio, em publicação feita na rede X (antigo Twitter).
A decisão vem logo após o STF determinar novas restrições a Bolsonaro: o ex-presidente está proibido de usar redes sociais, não pode manter contato com outros investigados, entre eles o próprio filho Eduardo Bolsonaro, e deverá cumprir toque de recolher noturno.
Eduardo Bolsonaro agradece sanção americana
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, comemorou publicamente a decisão de Rubio e agradeceu ao governo Trump. “Não posso ver meu pai, e agora tem autoridade brasileira que não poderá ver seus familiares nos EUA também – ou quem sabe até perderão seus vistos. Eis o ‘Custo Moraes’ para quem sustenta o regime”, escreveu em suas redes sociais.
Desde março, Eduardo está licenciado da Câmara dos Deputados e tem atuado nos EUA em busca de sanções contra ministros do STF. Segundo o The Washington Post, um esboço das sanções já estava pronto há mais de um mês, mas havia resistência interna no Departamento do Tesouro americano, por receio de abalo diplomático com o Brasil.
Tensão crescente entre Brasil e Estados Unidos
Esta é a primeira sanção direta do governo dos Estados Unidos contra Alexandre de Moraes. Mas a medida representa mais um capítulo da escalada de tensão entre os governos Lula e Trump. No início do mês, o presidente americano anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos EUA. Em resposta, o governo brasileiro acionou a Organização Mundial do Comércio (OMC).
Na semana passada, Trump enviou uma carta ao presidente Lula acusando o STF de promover uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro e solicitando a suspensão da ação penal em curso contra o ex-presidente. Além disso, acusou a Corte de censura a redes sociais americanas em território brasileiro.
Nova investigação contra o Brasil
Paralelamente à suspensão dos vistos, o governo Trump também abriu uma investigação comercial contra o Brasil. O objetivo, segundo comunicado oficial, é avaliar se políticas do governo brasileiro têm caráter “irracional ou discriminatório” e se prejudicam o comércio americano.
Entre os pontos em análise estão o controle sobre serviços de pagamento digital como o Pix, tarifas consideradas preferenciais, barreiras contra empresas americanas em solo brasileiro, ações anticorrupção supostamente seletivas e questões de propriedade intelectual.
Fontes ligadas à diplomacia brasileira apontam que, apesar do tom duro de Washington, o Itamaraty ainda tenta uma saída diplomática para conter o agravamento da crise.
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