O ACRE SOB RUÍNAS: investigações, denúncias de corrupção e má administração do Dinheiro Público marcam mandatos de Gladson Cameli e Tião Bocalom
- Redação 24Hrs
- há 8 horas
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Em novembro de 2023, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Gladson Cameli (PP) por organização criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato, lavagem de dinheiro e fraude à licitação. A denúncia aponta que, desde 2019, um esquema envolvendo a empresa Murano Construções LTDA teria causado prejuízos de quase R$ 11,7 milhões aos cofres públicos, mas não para por aí.

As investigações da Operação Ptolomeu, conduzidas pela Polícia Federal e pela Procuradoria-Geral da República (PGR), apontam que o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), teria recebido mais de R$ 6,1 milhões em propina por meio do pagamento de parcelas de um apartamento de luxo no bairro dos Jardins, em São Paulo, e de um carro de alto padrão.
O esquema envolveria a empresa Murano Construções, contratada pelo governo estadual para obras de engenharia, e a empresa Rio Negro, que tem como sócio Gledson Cameli, irmão do governador.
Conforme as investigações da polícia Federal, a Murano Construções firmou contratos com o governo do Acre que totalizam mais de R$ 30 milhões. Logo após a assinatura de um desses contratos, a Murano transferiu R$ 200 mil para a empresa Seven Construções e Empreendimentos, que, por sua vez, repassou o mesmo valor para a Rio Negro. A Rio Negro utilizou esses recursos para pagar a entrada do apartamento em São Paulo. As autoridades consideram que essa sequência de transações foi utilizada para ocultar a origem ilícita dos fundos destinados à aquisição do imóvel.
Além disso, a Polícia Federal encontrou no tablet de Gladson Cameli cópias do contrato de compra e venda do apartamento, em nome do governador e de sua esposa, Ana Paula Correia da Silva Cameli, bem como o projeto de arquitetura do imóvel. Mensagens de WhatsApp também revelaram que o governador solicitou ao então secretário da Fazenda, Rômulo Grandidier, que organizasse a transferência do apartamento do nome da empresa do irmão para a holding GDC, pertencente ao político.

Em depoimento ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), Gladson Cameli negou que o apartamento tenha sido adquirido com recursos de propina, alegando que o imóvel foi comprado por seu pai, Eládio Cameli, para uso durante tratamento médico em São Paulo. No entanto, as autoridades consideram que o governador e sua ex-esposa são os reais proprietários do apartamento e beneficiários diretos das vantagens indevidas decorrentes do cargo público ocupado.
As investigações também identificaram que a Murano Construções e empresas subcontratadas, incluindo a Rio Negro, teriam causado um prejuízo de quase R$ 11,7 milhões aos cofres públicos, por meio de sobrepreço e superfaturamento em contratos firmados com o governo do Acre.
Além disso, a Polícia Federal identificou que, do total pago pelo estado à Murano, aproximadamente dois terços correspondem a objetos estranhos ao contratado, indicando desvio de finalidade e burla à licitação. A Controladoria-Geral da União (CGU) também apontou subcontratação integral do objeto do contrato, o que configura fuga ao procedimento licitatório e afronta à Constituição Federal.
O ex-vice-governador do Acre, Major Rocha, afirmou que denunciou suspeitas de corrupção a Gladson Cameli, mas que o governador "fugia do assunto". Rocha relatou que, logo nos primeiros meses do governo, surgiram indícios de corrupção e que esperava alguma atitude de Cameli, que não ocorreu.
Apesar de toda a repercussão negativa, o governador acredita ser inocente e parece não se importar com o curso das investigações, ele já até indicou sua vice, Mailza Assis (PP), como candidata ao governo do Acre, ela já teria iniciado uma campanha antecipada promovendo alguns eventos, movimentando-se politicamente antes do período oficial permitido. Até o momento, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) não se manifestou sobre as possíveis irregularidades na campanha dos candidatos, mantendo silêncio diante das denúncias de propaganda antecipada.
Em quanto isso a BR 364 continua em Ruínas, evidenciando o mau uso do Dinheiro Público.

A gestão ineficiente de Tião Bocalom e denúncias de irregularidades
O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, enfrenta críticas principalmente por denúncias de irregularidades na contratação de empresas para prestação de serviços públicos, com indícios de favorecimento e falta de transparência em diversos processos licitatórios.
Moradores da capital acreana apontam problemas na infraestrutura urbana, como ruas esburacadas, falta de iluminação pública e coleta de lixo irregular, ônibus quebrados, falta de água constante e zero compromisso com o Bem-estar da População.
Em fevereiro de 2025, Bocalom nomeou sua esposa, Kelen Bocalom, para o cargo de chefe de gabinete da prefeitura, com salário de R$ 28,5 mil. A nomeação gerou questionamentos sobre possível nepotismo. O Ministério Público estadual iniciou uma apuração para verificar a legalidade do ato. O prefeito defendeu a escolha, afirmando que a esposa possui currículo adequado e que o cargo é de confiança, portanto, de livre nomeação.
Em março de 2021, garis protestaram contra atrasos salariais bloqueando a entrada da Secretaria Municipal de Zeladoria. A prefeitura acionou o Batalhão de Operações Especiais (Bope), que utilizou gás de pimenta e escudos para dispersar os manifestantes. O episódio gerou indignação entre os trabalhadores e críticas de entidades e partidos políticos, que classificaram a ação como desproporcional e desumana.
Em julho de 2023, servidores da Educação em greve tentaram acessar a sede da prefeitura durante um protesto por reajuste salarial. O prefeito não recebeu os manifestantes, classificando o ato como "politiqueiro".
Em março de 2022, durante evento da Secretaria Municipal de Educação, Bocalom comparou servidores públicos a um "touro preguiçoso", gerando ampla repercussão negativa. O prefeito posteriormente afirmou que a declaração foi uma piada mal interpretada e pediu desculpas a quem se sentiu ofendido.
Em outro episódio, durante encontro com estudantes de Engenharia Civil da Universidade Federal do Acre (UFAC), Bocalom afirmou que "em alguns casos, estagiários seriam mais comprometidos que engenheiros formados". A declaração provocou repúdio de entidades como o Sindicato dos Engenheiros do Acre (Senge-AC) e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Acre (CREA-AC), que consideraram as palavras do prefeito desrespeitosas e desvalorizadoras da profissão.
Durante um evento com estudantes de Engenharia Civil da Universidade Federal do Acre (UFAC), Bocalom afirmou que "em alguns casos, estagiários seriam mais comprometidos que engenheiros formados". A declaração gerou repúdio de entidades como o Sindicato dos Engenheiros do Acre (Senge-AC) e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Acre (CREA-AC), que consideraram as palavras do prefeito desrespeitosas e desvalorizadoras da profissão.
Polêmica sobre decoração natalina
Em dezembro de 2021, a escolha da cor azul para a "casa do Papai Noel" na decoração natalina da cidade causou controvérsia. Críticos associaram a cor à identidade do partido do prefeito, o PP. Após críticas, a decoração foi alterada para vermelho e, posteriormente, coberta com lona preta, gerando memes e debates nas redes sociais.
Críticas à infraestrutura urbana
A gestão de Bocalom também tem sido alvo de críticas pela condição das vias públicas de Rio Branco. Em maio de 2024, durante uma solenidade política, o prefeito foi alertado por apoiadores sobre um buraco na rua, evidenciando o problema crônico de infraestrutura na cidade. A situação foi interpretada como símbolo da negligência da administração municipal em relação às demandas básicas da população.
Esses episódios refletem os desafios e as controvérsias enfrentadas pela gestão de Tião Bocalom à frente da prefeitura de Rio Branco.
A atuação do prefeito Tião Bocalom tem sido alvo de críticas por parte de vereadores e principalmente da população, que cobra mais responsabilidade na gestão pública municipal. A escassez de investimentos em áreas fundamentais, como saúde, saneamento básico e educação, reforça a percepção de abandono por parte da prefeitura de Rio Branco. Além disso, o uso de recursos milionários em obras consideradas ineficazes e sem utilidade para a população tem intensificado o descontentamento com o Gestor.

Entre os exemplos mais questionados está a construção de uma fonte luminosa em frente à sede da prefeitura — obra apontada como eleitoreira e com indícios de superfaturamento.
Outro caso que gerou revolta foi a ponte sobre o Igarapé Judia, inaugurada em setembro de 2024 ao custo de exorbitante de mais de R$ 7,5 milhões. Menos de sete meses após a entrega, moradores já relatam rachaduras no asfalto da cabeceira, colocando em dúvida a qualidade da execução e a fiscalização da obra.
Esses episódios lamentáveis evidenciam falhas graves na aplicação de recursos públicos e na priorização de demandas realmente urgentes para a população de Rio Branco.
As gestões de Gladson Cameli e Tião Bocalom enfrentam desafios significativos, com denúncias de corrupção e críticas à administração pública. As investigações em andamento e a insatisfação da população refletem a necessidade de maior transparência e compromisso com a ética na gestão dos recursos públicos.
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